É cada vez maior o número de escolas que retomam as atividades presenciais no Brasil.
Apesar de números ainda preocupantes, a queda nos indicadores vem viabilizando a retomada das aulas presenciais, mas um alerta precisa ser feito: é preciso se preparar para receber os alunos, inclusive, cuidado de seu acolhimento emocional.
O post de hoje serve como um alerta de que o momento de reencontro dos alunos com seus colegas e professores, apesar de bem-vindo, também exige atenção no campo psicológico. E isso não pode ser negligenciado.
Os impactos emocionais da Pandemia
Há cerca de um ano e meio, de uma hora para outra, crianças e adolescentes viram seu mundo mudar completamente com a privação da liberdade de ir e vir para preservar sua saúde. A pandemia precisava ser contida e o isolamento social foi essencial para que os números de vítimas hoje não fossem ainda maiores e mais tristes no país.
Porém, uma mudança como essa não é algo simples de assimilar.
As incertezas em relação ao futuro, o medo da contaminação, o desemprego e claro, o luto que vitimou muitos lares, caiu pesadamente nas costas de crianças e adolescentes que nem entendiam ao certo tudo o que estava acontecendo.
Casos de alunos em depressão, com ansiedade e até com problemas emocionais que afetaram seu peso, seu sono e sua autoestima, lotaram consultórios online mundo afora.
Cada aluno viveu o drama da pandemia da Covid-19 de forma bem particular. Alguns tiveram ajuda profissional, mas muitos não quiseram ou puderam recebê-la.
Daí a importância de compreender que esse momento de retorno às aulas presenciais poderá impactá-los de formas bastante distintas, mas que exigirão dos adultos ao seu redor, no mínimo, muita empatia e alguma paciência.
Portanto, ao receber de volta seus alunos, a escola, invariavelmente assume uma certa responsabilidade emocional sobre cada um deles. E é preciso estar bem preparada.
Problemas emocionais agravados pela pandemia
A imaturidade, em razão da idade, as inseguranças, os medos e dúvidas trazidos pela pandemia não são fáceis de suportar nem mesmo entre os adultos. Eles não estão isentos de sentir angústia, ansiedade e até depressão, o que só piora no caso de crianças e adolescentes.
A necessidade de isolar-se socialmente, a falta de oportunidades para gastar energia, as dúvidas em relação ao futuro e até mesmo o medo da perda de familiares e amigos, impactaram muito o emocional desses jovens.
Vale lembrar que antes mesmo da pandemia, a saúde mental já era o segundo fator de maior incidência de morte em adolescentes e jovens no mundo, segundo a ONU. E, infelizmente, a pandemia só agravou esse quadro.
A questão é que, por mais que alguns alunos tenham conseguido ajuda profissional, isso não ocorreu com todos e nem plenamente para todos. Portanto, os alunos retornam para as escolas em momentos distintos e que podem despertar gatilhos emocionais que requerem muita atenção.
Como se preparar para esse suporte emocional
Uma forma de agir frente a problemas emocionais que podem surgir é antecipar-se e se preparar para enfrentá-los, caso surjam.
Algumas ações eficientes podem ser realizar uma palestra com pais e professores, com a presença de um profissional de saúde mental que possa orientar ações e cuidados importantes a adotar em casa e na escola.
É preciso lembrar que não apenas os alunos, mas também os pais, funcionários e os professores podem estar profundamente impactados diante desse cenário pandêmico.
Buscar orientações profissionais para preparar bem a retomada das atividades é um gesto de profunda humanidade e será muito bem-vindo.
É preciso ser um ambiente seguro e esperançoso
Já falamos em posts anteriores sobre os cuidados com a volta às aulas, mas é importante destacar um outro aspecto fundamental: a criação de um ambiente muito melhor para os alunos.
O cenário enfrentado há mais de um ano vem sendo preocupante, pesado e até desanimador. O que o aluno menos precisa é ter isso no ambiente escolar.
Os estudantes precisam encontrar na escola um ambiente que, apesar dos cuidados ainda necessários, seja mais leve, mais otimista e até mais feliz que o caos enfrentado até agora.
É um enorme desafio coordenar e conduzir tudo isso, mas se bem realizado poderá tornar a rotina mais suave, mais agradável e muito mais positiva para todos.
É preciso criar protocolos de auxílio
Definir alguns protocolos de ação em caso de eventuais crises emocionais, orientados por profissionais bem qualificados, pode minimizar os impactos, caso essas crises ocorram.
Saber como lidar com uma crise de choro, de ansiedade ou mesmo a introspecção de um aluno ou profissional, será extremamente válido para ajudá-lo a superar a crise.
Por outro lado, não saber como lidar com esses possíveis episódios pode ser ainda mais perturbador para as pessoas ao redor, impactando-as negativamente.
Vale o reforço para que essas ações sejam orientadas por profissionais de qualidade, aptos a estabelecer planos de ações efetivos para o benefício de quem estiver diante de uma possível crise.
Fazer isso sem orientação, acreditando apenas que se sabe o que precisa ser feito, além de irresponsável pode ser muito perigoso.
Atividades que podem fazer a diferença
Por mais que a questão acadêmica seja importante (e é), os primeiros dias e semanas precisam ser conduzidos com muita prudência, equilíbrio e empatia. Algumas atividades que sugerimos, e que podem ser validadas por profissionais qualificados, são:
Conversas
Reserve parte do tempo das aulas ou de um dia letivo para conversar com os alunos. Especialmente no primeiro dia, conversar com eles pode ser muito positivo ao compartilhar experiências do período de pandemia.
Falas positivistas
Por mais preocupados que possamos estar, a retomada das aulas precisa acontecer com a criação de um ambiente seguro, acolhedor e positivista. Não é hora de reforçar medos e dúvidas, mas sim de trazer esperança em relação ao futuro, ao avanço dos estudos científicos e até na prevenção a outras pandemias futuras.
Trabalhar a respiração
Estabelecer um horário na rotina para uma atividade de respiração pode ser muito útil para acalmar a mente e o coração de todos. Essa atividade pode ser orientada turma a turma por um profissional qualificado, diariamente, e os alunos podem fazê-la até mesmo em casa.
Conversas individualizadas
Um pedagogo da escola pode, por exemplo, reservar horários para ouvir os alunos, de forma individual, de tempos em tempos. Apesar de ser um grande esforço e demandar organização, o benefício do “desabafo” de um aluno pode ser justamente o que ele mais precisava para conseguir uma ajuda mais individualizada.
Formulários de pesquisa individual
O Google Forms, sobre o qual já tratamos em um post aqui no blog, é muito útil para realizar pesquisas. Que tal usá-lo para que os alunos avaliem, semanalmente, como se sentiram na escola? Isso pode ser muito útil para enxergar ações que podem ser executadas e que os beneficiarão.
Conclusão
Por mais importantes que sejam as atividades acadêmicas, após um período de pandemia como esse, os alunos precisam de atenção, acolhimento e empatia.
É dever da escola proporcionar um local seguro e mais positivista para recebê-los, assim como aos professores e demais funcionários.
Orientar a comunidade escolar, com o auxílio de profissionais qualificados, pode ser uma forma muito segura e eficiente de ajudar a tornar a volta às aulas um período muito mais tranquilo para todos