A educação no Brasil, e no mundo, sofreu um forte abalo no ano de 2020 com a crise gerada pela pandemia. Em poucos dias vimos escolas interromperem seu funcionamento para atenderem às medidas de isolamento social em um esforço global para conter o avanço do vírus. Começavam aí os desafios da educação diante da COVID-19.
Agora que o ano se aproxima do fim, ainda que algumas escolas tenham retomado suas atividades presenciais, a ameaça de uma segunda onda no Brasil, a exemplo de outros países, é real e novas medidas de isolamento social poderão ser retomadas em breve.
Diante disso, a EducareBox preparou esse post com reflexões e dicas para ajudar as escolas a superarem os desafios que esse cenário apresenta para manterem o ensino mesmo à distância.
O pior já passou?
Dezembro chegou e com ele notícias muito positivas de vacinas contra a COVID-19 em estágios finais de testes, um alívio para todo mundo. Porém, diante de um relaxamento nas medidas de restrição e isolamento social, vários países, incluindo o Brasil, acompanham, apreensivos, o aumento nos casos e na ocupação dos hospitais.
Dizer que o pior já passou, apesar de estarmos próximos de uma vacina, é ignorar o cenário atual e as dificuldade para a produção global das milhares de doses necessárias.
Portanto, as escolas que se atentarem e se anteciparem na oferta de um ensino remoto de alta qualidade largam na frente na percepção de valor para pais, alunos e sociedade.
Desafio #1 – Conexão no Brasil
Você já deve ter visto aqui no nosso blog que o Brasil possui a segunda pior conectividade nas escolas. Na verdade, de modo geral, por suas características, por suas dimensões continentais e pela falta de investimentos, o país possui uma internet de baixa qualidade, com instabilidade até mesmo em regiões mais nobres nos grandes centros.
Essa conectividade falha é um desafio para a educação remota, pois torna mais complexo garantir o acesso de todos os alunos aos conteúdos.
O problema é que mesmo que a escola invista em uma plataforma para compartilhar ou postar conteúdos de educação, o máximo a fazer é cobrar das autoridades e das provedoras de internet a entrega da banda contratada com a máxima qualidade possível.
Desafio #2 – O preparo dos professores para as aulas online
Depois de séculos de um modelo educacional com pouca variação em sua configuração presencial, a COVID-19 forçou professores e gestores a prepararem aulas online, explorando um canal e uma comunicação que não é bem familiar para muitos deles, especialmente os mais velhos.
Foi preciso se reinventar e superar muitas barreiras, algumas das quais ainda são enfrentadas por esses profissionais para manterem a educação dos alunos, um desafio que, para muitos, não é nada fácil de ser superado.
É papel das escolas darem suporte aos docentes, inclusive com orientações, eventos e profissionais que possam ajudá-los a lidar com o digital com maior segurança, explorando seu conhecimento e transportando-o para este novo canal de contato com os alunos.
Não será do dia para a noite que os professores aprenderão a dar aula online, gravar ou postar vídeos e a preparar materiais interessantes para seus alunos, porém, uma coisa é fato:
Diante da insegurança de muitos desses dedicados profissionais, a escola precisa manter o respeito e a empatia para ajudar e até mesmo estimular a busca pelo melhor resultado.
Desafio #3 – O engajamento dos alunos
Além do déficit na formação de professores em Tecnologias de Comunicação (TICs) e metodologias mais interativas, há o desafio de engajar os alunos neste ambiente que é tão familiar para eles, mas especialmente para lazer, bate-papo e jogos online.
São crianças e jovens que viram sua liberdade de ir e vir reduzida à sua casa com algumas raras exceções. Eles estão estressados, em muitos casos ansiosos e até depressivos. Adquirir disciplina para estudar remotamente, nesse contexto, é um grande desafio.
A escola e os professores, assim como os pais, precisam manter o diálogo para um esforço conjunto que ajude os alunos a terem horário certo, conteúdo na medida e até mesmo a cobrança feita de uma forma condizente com uma realidade que é, para eles também, uma mudança abrupta e de grande impacto.
Desafio #4 – O que funciona na sala pode não funcionar online
Uma tendência natural e muito comum é replicar um modelo de sucesso de um ambiente para outro, esperando o mesmo resultado. Ledo engano. O modelo presencial nem sempre dará certo se reproduzido nas aulas online.
O ambiente é outro, a dispersão é mais fácil, a atenção a cada aluno é menor e os estímulos sensoriais também são outros. Os especialistas em educação compreendem que a postura pedagógica no ensino online precisa ser diferente para estimular o engajamento.
Isso exigirá de professores e escolas, quem sabe até com o feedback de alguns alunos e pais, a reflexão sobre os caminhos a seguir e formas que viabilizem o ensino com o mínimo de desgaste e o máximo de resultados para quem mais importa, os alunos.
Não será fácil, mas atenção, reflexão e diálogo serão o melhor caminho para acertar.
Desafio #5 – A participação dos pais
Se fora do contexto pandemia os pais ficavam tranquilos sabendo que seus filhos estavam na escola em horários especifícios e seguiam uma rotina bem programada, com a pandemia a história é outra. Seus filhos estão em casa, com eles, demandando atenção, cuidados, apoio e até mesmo vigilãncia para manterem a disciplina nos estudos.
Aqui, novamente, a empatia precisa ser aplicada pela escola para ajudar esses pais.
Eles também estão afetados pela pandemia, desgastados, preocupados e ainda por cima receosos pelo bem-estar dos filhos nesse cenário inédito. É normal (e humano) não saberem ao certo como lidar e até mesmo alguma rispidez em cobranças injustas às escolas.
Uma boa saída talvez seja promover uma reunião online focada em dicas para que os pais ajudem seus filhos sem se sobrecarregarem, ouvindo suas dúvidas e quem sabe até com psicólogos ou outros profissionais que possam ajudar.
Isso mostrará aos pais que a escola também se preocupa com eles e que conta com a preciosa ajuda deles para o ensino de seus filhos. É, sem dúvida, uma grande oportunidade para gerar valor para esses pais, além de um grande serviço à sociedade.
E então, qual o futuro da educação online diante da COVID-19?
Alguns acreditam que a mudança rápida e não planejada para o ensino online (ensino à distância, aulas remotas, como preferirem), trará prejuízos aos alunos que foram jogados nessa nova realidade, ainda em construção, de uma hora para outra.
Porém, há quem acredite que a transição rápida, inesperada e “forçada” do ensino presencial para o ensino online, apesar dos muitos desafios, traz também oportunidades que precisam ser pensadas, exploradas e adotadas quando bem sucedidas.
Também é possível que comece a florescer um modelo híbrido de educação, e que trará muito benefícios para alunos, pais e professores.
Afinal, se a pandemia acelerou muitos processos na ciência na busca por uma vacina, é possível que também acelere a integração da educação com a tecnologia da informação tornando esse novo modelo um componente integral da educação escolar.
Continuem acompanhando nosso blog.
Até o próximo post!