A escola deveria ser um local seguro, acolhedor e capaz de favorecer o bem-estar e o aprendizado. Porém, o que se vê em várias escolas, e por inúmeros motivos, é o oposto disso. Em muitos casos, o que ocorre é o surgimento de uma síndrome cada vez mais comum na educação: o Burnout na escola.
O tema é tão importante quanto urgente e merece estudos, debates e ações. Vamos começar entendendo melhor essa síndrome e como ela pode afetar a rotina escolar.
Burnout: o que é e o que significa?
Com origem na língua inglesa, Burnout é a união de burn e out, respectivamente queimar e fora. Porém, pode-se traduzir, de forma simplificada, como o que é consumido, esgotado. O Burnout é um estado de esgotamento e estresse crônico que leva à exaustão física e mental. A síndrome traz prejuízos à carreira e à vida pessoal de quem sofre com ela.
O conceito do Burnout vem de estudos do psicanalista americano Herbert Freudenberger, em 1974.
A OMS – Organização Mundial da Saúde chegou a classificar o Burnout como uma das maiores ameaças à saúde mental do século XXI. O Burnout faz parte da lista de transtornos mentais e do comportamento relacionados ao trabalho, do Ministério da Saúde, no Brasil.
Falando no Brasil, a International Stress Management Association (ISMA-BR), apontou o país como o segundo no mundo no número de pessoas afetadas pelo Burnout. Estamos à frente de países como Estados Unidos e Alemanha.
Como saber se estou com Burnout
O Burnout não surge do dia para a noite, mas vai se desenhando aos poucos. O estresse é o gatilho que costuma se acumular e detonar a crise. Ambientes de trabalho estressantes e sensação de desvalorização profissional são fatores que podem levar à síndrome.
O Burnout cresce ao longo do tempo, mas costuma dar sinais que merecem atenção.
Os sintomas do Burnout
Estresse é diferente de Burnout
O estresse é uma reação fisiológica do corpo que responde a situações que exigem mudanças de comportamento. O Burnout é o resultado de estresse crônico, profundo.
Sinas de que pode ser Burnout
Alguns dos sintomas mais comuns do Burnout se refletem em atitudes negativas.
Podem aparecer sintomas como:
- Falta de interesse ou ausências no trabalho
- Mudanças bruscas de humor
- Isolamento
- Dificuldade de concentração
- Ansiedade
- Depressão
- Perda de memória
- Pessimismo, baixa autoestima
Os sintomas físicos mais comuns costumam ser:
- Dor de cabeça ou enxaqueca
- Cansaço ou exaustão
- Palpitações
- Insônia
- Distúrbios gastrointestinais
- Dores musculares
Como diagnosticar o Burnout
Para saber com precisão e segurança se o estado enfrentado é Burnout é preciso realizar o diagnóstico clínico. Somente uma avaliação criteriosa do histórico do paciente, feita por um profissional qualificado, pode apresentar essa precisão.
O Ministério da Saúde determina: “o diagnóstico é feito por psiquiatras e psicólogos após análise clínica do paciente e são eles os profissionais de saúde indicados para orientar a melhor forma de tratamento, conforme o caso”.
Como tratar o Burnout
Muitas vezes a pessoa com Burnout busca ajuda graças a comentários e conselhos de amigos e familiares. Nem sempre quem sofre com os sintomas sabe ou reconhece que é Burnout.
A pessoa diagnosticada com a síndrome pode realizar o tratamento de forma psiquiátrica, com medicamentos, ou com psicoterapia. Os medicamentos mais comuns são os ansiolíticos e os antidepressivos.
O afastamento de um ambiente profissional estressante pode ser recomendado. Também pode-se recomendar a prática de atividades físicas regulares.
O ponto central será tentar eliminar ou reduzir as fontes de estresse.
É importante destacar que álcool e outras drogas não podem ser vistas como formas de lidar com crises de estresse e ansiedade. Normalmente, podem gerar mais complicações para quem enfrenta a síndrome.
Burnout na escola e a pandemia
Se em condições normais a escola pode apresentar desafios na sua rotina, durante a pandemia da COVID-19 isso se agravou. Engana-se quem pensa que os professores estando em casa teriam uma vida mais fácil no ensino.
Professores e o Burnout
Os desafios enfrentados pelos professores nesse período são inúmeros:
- Motivar os alunos
- Preparar materiais para aulas online
- Dominar tecnologias que viabilizem as aulas
- Corrigir atividades
- Autocobrança pela qualidade no ensino
- Contornar desafios técnicos durante as aulas
- Cobranças dos pais (especialmente na rede privada)
Tudo isso ao mesmo tempo e somado à questões da vida pessoal. O excesso de atividades em um ambiente novo, como o digital, afeta a saúde mental de vários professores.
Em muitos casos, o estresse gerado e acumulado nesse contexto pode chegar ao Burnout.
Alunos também podem ter Burnout
Pode ser que não cheguem ao Burnout em si, mas os alunos também são afetados pela pandemia. A falta de interação presencial, a dificuldade de concentração no digital, questões pessoais de casa, tudo afeta os alunos.
Pode ser mais difícil aprender, fazer as tarefas e até se motivar para assistir às aulas.
O papel da escola
Como a escola pode atuar para prevenir situações estressantes? Existem algumas ações por parte da gestão escolar que podem ajudar a todos:
- Oferecer apoio técnico ao professor
- Oferecer cursos sobre tecnologias para o ensino online
- Evitar cobranças excessivas para professores e alunos
- Definir e a aprovar um modelo unificado de ensino online
- Apoiar e contar com o apoio dos pais dos alunos
6 dicas muito úteis para evitar o Burnout
- Defina um horário para dormir e acordar
- Procure dormir pelo tempo necessário para realmente descansar
- Cuidado com a alimentação e o excesso de açúcar
- Tente incluir atividades físicas na sua rotina
- Cuidado com o excesso de exposição às telas
- Hidrate-se! Beba ao menos 2 litros de água por dia
Conclusão
O Brasil precisa de mais atenção às questões de estresse e Burnout no ensino.
O tema não deve ser um tabu e precisa ser debatido. Só assim serão criadas condições de minimizar seu aparecimento e consequências.
Conhecer os sinais e prevenir os riscos de evolução do estresse para a síndrome é sempre o melhor remédio.
Até o próximo post!